sábado, 25 de janeiro de 2014

ÉMILE ZOLA: A literatura de engajamento contra a opressão.

“Os donos das minas começaram assim a contratarem os burgueses para trabalhar para eles e também na entrada das minas colocaram muitos policiais de segurança caso houvesse algum ataque” (Germinal). 

Émile Zola (1840-1902), escritor francês do século XIX, foi, de fato, um precursor de Jean-Paul Sartre no que toca ao direcionamento da literatura para luta em defesa de oprimidos e deserdados. Pois empregou, também, seu gênio criativo na confecção de livros que denunciassem as mazelas do Capitalismo, então incipiente, porém já selvagem com a Revolução Industrial.

E tal como Sartre faria tempos depois, durante a ocupação de Paris pelos nazistas, escrevendo livros e peças teatrais que conclamavam o povo francês à resistência, e que mais tarde seria rotulado pelos críticos literários, pejorativamente, de literatura de engajamento, como se obras da grandeza de Idade da Razão se apequenasse diante dessa constatação inconsistente e pretensiosa, Émile Zola, no seu tempo, também emprestou sua pena à luta do proletariado parisiense, submetido a condições subumanas, condenado ao trabalho forçado nas minas de carvão em troca de contrapartida pecuniária irrisória.

Em Germinal (1885), livro magnífico que relada a condição degradante dos trabalhadores das minas de carvão que abasteciam as máquinas insanas das indústrias francesas, o autor descreve com riqueza de detalhes as condições insalubres do ambiente de trabalho e moradia dos operários, bem como a promiscuidade a que era submetida sua família, em particular as mulheres que, além de subjugadas pelo o homem como se fosse uma coisa natural, ainda era obrigada a prestar favores sexuais aos patrões sob a ameaça de demissão sua e toda sua família, o que significava perder o abrigo miserável que possuíam e, portanto, padecer de frio e de fome.

Em toda a sua obra, mas principalmente, em Germinal, onde as teorias marxistas, então despontando no ocidente, Zola consegue, com seu modo peculiar e rico de descrever pessoas e lugares, fazer com que o leitor experimente as mesmas sensações de seus personagens. E não me refiro aqui apenas às sensações perceptíveis pelo intelecto, pela psique como diriam os Freudianos, e, sim, sem temer ser entendido como lunático, a uma experiência física das agruras por que passam os famélicos e infelizes personagens escravizados naquelas malditas minas de carvão.

Portanto, em que pese a fala vazia dos críticos, rotulando autores com Sartre e Zola para não reconhecerem o quão foram - e ainda são – imprescindíveis à luta humana contra a crueldade posta em prática para satisfazer a ganância insana da burguesia pelo acúmulo de riquezas.

Por essa, mais que suficiente, compreender a literatura de Émile Zola é devolver a este indispensável passageiro terrestre o seu lugar entre os combatentes pela liberdade concreta.

Por: Adão Lima de Souza

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