quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Os palhaços


Altivos são os palhaços!
Vivem do riso e são motivos de riso.

Pois, não nutrem outro dever senão: O de fazer rir.

Também não esperam outra recompensa além do riso.
Nem são infaustos como os palhaços sérios:
Dirigindo fábricas-escolas- carros; o mundo.

Há nesses pouca predisposição para o riso...

São somente lágrimas!
Condenando a si e a nós.
E, por isso, nunca serão palhaços!

E se os seguirmos, também nós não nos tornaremos palhaços.

Altivos são os palhaços!
Porque somente eles são motivos de riso.

E o mundo se quer demasiado sério!

Adão Lima de Souza

Do Livro A Vela na Demasia de Vento

Eh! O mundo dá voltas, camarada!

"Nenhuma Constituição pode me satisfazer"


É contraditório, porém inegável, que decorridos mais de duas décadas da promulgação da Constituição, pretensamente alcunhada de Cidadã, o atual gerente do país, o Partido dos Trabalhadores, eleito com ampla votação dos trabalhadores, entretanto, pondo em prática, como era de se esperar, uma estratégia política de manutenção do poder, agora, que se vê ameaçado procure ressuscitar modelos repressivos antes usados contra si pelos militares, quando estes tinham a decisão de quem deveria viver ou morrer.

É o caso de Leis apresentadas, recentemente no Congresso Nacional, por expoentes do Partido dos Trabalhadores, cuja intenção é, criminalizando manifestações populares, recrudescer a repressão ao povo brasileiro, sob a alegação de que aqueles que protestam contra as arbitrariedades do governo são TERRORISTAS.

Como se não bastasse uma política pautada pelo clientelismo eleitoreiro, através de programas assistencialistas que escravizam psicologicamente o indivíduo pelas mais primitivas necessidades, como a carência de abrigo e comida, de tal modo vil e eficiente sem parâmetros na história desse país.

Agora, temeroso de que não esteja agindo conforme os ditames dos doutrinadores do mundo, O PT fabrica leis cruéis que atentam contra o interesse do cidadão, atropelando ainda mais as frágeis garantias constitucionais que custaram a vida de companheiros de luta.

Contudo, a isso, não se resume a investida petista contra a população brasileira. Em outros momentos quis o partido dito dos trabalhadores aprovar leis que amordaçavam mais e mais o já tão emudecido e inerte Ministério Público, impedindo-o de investigar crimes cometidos por apaniguados e políticos aliados.

Além disso, em troca de uma escusa governabilidade, o PT ressuscitou velhas raposas da política brasileira, como os senadores José Sarney e Renan Calheiro, responsáveis por um sem número de desmandos nesta “Republiqueta de Bananas”.

É, de fato, o mundo dá voltas!


Por: Adão Lima de Souza.

sábado, 25 de janeiro de 2014

ÉMILE ZOLA: A literatura de engajamento contra a opressão.

“Os donos das minas começaram assim a contratarem os burgueses para trabalhar para eles e também na entrada das minas colocaram muitos policiais de segurança caso houvesse algum ataque” (Germinal). 

Émile Zola (1840-1902), escritor francês do século XIX, foi, de fato, um precursor de Jean-Paul Sartre no que toca ao direcionamento da literatura para luta em defesa de oprimidos e deserdados. Pois empregou, também, seu gênio criativo na confecção de livros que denunciassem as mazelas do Capitalismo, então incipiente, porém já selvagem com a Revolução Industrial.

E tal como Sartre faria tempos depois, durante a ocupação de Paris pelos nazistas, escrevendo livros e peças teatrais que conclamavam o povo francês à resistência, e que mais tarde seria rotulado pelos críticos literários, pejorativamente, de literatura de engajamento, como se obras da grandeza de Idade da Razão se apequenasse diante dessa constatação inconsistente e pretensiosa, Émile Zola, no seu tempo, também emprestou sua pena à luta do proletariado parisiense, submetido a condições subumanas, condenado ao trabalho forçado nas minas de carvão em troca de contrapartida pecuniária irrisória.

Em Germinal (1885), livro magnífico que relada a condição degradante dos trabalhadores das minas de carvão que abasteciam as máquinas insanas das indústrias francesas, o autor descreve com riqueza de detalhes as condições insalubres do ambiente de trabalho e moradia dos operários, bem como a promiscuidade a que era submetida sua família, em particular as mulheres que, além de subjugadas pelo o homem como se fosse uma coisa natural, ainda era obrigada a prestar favores sexuais aos patrões sob a ameaça de demissão sua e toda sua família, o que significava perder o abrigo miserável que possuíam e, portanto, padecer de frio e de fome.

Em toda a sua obra, mas principalmente, em Germinal, onde as teorias marxistas, então despontando no ocidente, Zola consegue, com seu modo peculiar e rico de descrever pessoas e lugares, fazer com que o leitor experimente as mesmas sensações de seus personagens. E não me refiro aqui apenas às sensações perceptíveis pelo intelecto, pela psique como diriam os Freudianos, e, sim, sem temer ser entendido como lunático, a uma experiência física das agruras por que passam os famélicos e infelizes personagens escravizados naquelas malditas minas de carvão.

Portanto, em que pese a fala vazia dos críticos, rotulando autores com Sartre e Zola para não reconhecerem o quão foram - e ainda são – imprescindíveis à luta humana contra a crueldade posta em prática para satisfazer a ganância insana da burguesia pelo acúmulo de riquezas.

Por essa, mais que suficiente, compreender a literatura de Émile Zola é devolver a este indispensável passageiro terrestre o seu lugar entre os combatentes pela liberdade concreta.

Por: Adão Lima de Souza

CÓLERA: Pela Paz em Todo Mundo.

Cólera é um dos primeiros grupos brasileiros de Punk Rock, formado em São Paulo, em 1979, pelos irmãos Edson “Redson” Lopes Pozzi (baixo e vocal) e Carlos “Pierre” Lopes Pozzi (bateria), acompanhados de Kinno (vocais) e Helinho (guitarra).


Em 1986, poucas bandas Punk eram tão organizadas quanto Cólera. Eles já tinham gravado um disco (“Tente Mudar o Amanhã”, de 1984) e estavam prestes a ser a primeira banda da nossa cena a excursionar pela Europa (o que rolou em 1987).

Com sua postura pacifista, antimilitarista e ecológica, Cólera se tornaria uma das bandas de maior longevidade no cenário punk brasileiro, destilando sempre uma música engajada na ideia de que três acordes podem mudar o mundo e um disco pode ser uma pequena revolução.

Pela Paz em Todo Mundo é um clássico do Punk Rock nacional, vendeu mais de 85 mil cópias, um recorde para um disco independente.

Veja o documentário sobre a banda.





Por: Adão Lima de Souza

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

E APOIS!- DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO: A ISSO SE REDUZ TUDO?


OS “ELES” QUEREM NOS FAZER CRER que desenvolvimento econômico e social se alcança única e exclusivamente pela criação de mais subempregos, como se, automaticamente, cada um que vendesse sua hora de trabalho fosse de imediato alçado aos patamares sociais, e de qualidade de vida, medidos pelos órgãos governamentais IPEA e IBGE. Por isso, os gerentes dos “Eles” sempre comemoram ou justificam qualquer oscilação nos gráficos que mensuram o volume de trabalhadores disponível no mercado, a fim de, pelo desequilíbrio entre a oferta e a demanda, manter como reserva um exército de desempregados e, com esse maquiavelismo, baratear o preço da mão de obra empregada.

E o mais desalentador é constatar que essa ideia, anacrônica e atávica, vem ganhando, com o cinismo de governos pretensamente pró-operariado, cada vez mais acolhimento nos pleitos trabalhistas, pela ação nefasta de sindicatos pelegos que vedem as pautas reivindicatórias para galgarem postos políticos. E enquanto isso, a massa de trabalhadores, alheia aos sinônimos reais do que seja, de fato, flexibilização das Leis trabalhistas, segue abrindo mão de direitos e garantias fundamentais à justa troca entre capital e trabalho, sem se aperceberem que tais conquistas advieram da luta e do sangue de seus antecessores.

Diante disso, ouvir de uma pessoa leiga: “Se historicamente a relação Capital e Trabalho perseguiu o equilíbrio por meio da concessão mútua, consolidando-se leis que assegurassem, por um lado, o lucro crescente do empregador e, por outro, o mínimo de dignidade ao empregado, mas agora, exigem que este abra mão do pouco conquistado em benefício do “Status quo” daquele, então negociar é, hoje, entrar o trabalhador com a cabeça e o patrão com a guilhotina”. Os Economistas e outras pessoas letradas a serviço dos “Eles” dirão que fortalecer a empresa é – certamente por vias que somente “Eles” entendem – assegurar  trabalho e renda para os pais de família. 

E quanto ao operário, que pelo poder de barganha dos patrões e, devido a sua urgência em satisfazer necessidades primitivas como comer e se abrigar, sempre vende barato sua força de trabalho, tendo ainda que arcar com a ganância estatal a lhe tomar até o último centavo em impostos estratosféricos, condenando-o a condições perversas de subsistência, entenderá ele, algum dia, que num sistema capitalista tudo, mesmo o dito inalienável, é produto passível de valoração pelo vil metal?  E que, quando se fala em Bem Estar Social, quer-se, todavia, legitimar o discurso cínico de que o sacrifício de direitos dos trabalhadores oportuniza a justa divisão de ganho de capital aos seus iguais?

É por essas e outras, que os “Eles” se refestelam na abastança, enquanto os trabalhadores fazem malabarismos com os “caraminguás” que auferem a título de salário com sua labuta árdua e mortificante. Despendendo um esforço hercúleo para tornar realidade a falsa promessa de amor que a nossa poética Constituição sacramentou como direito inalienável de todos, dever do Estado e de toda sociedade.


ENTÃO, como se diz por aí que “o trabalho dignifica o homem” – ou danifica? - é bom não esquecer que todo trabalho realizado no mundo é para fazer parecer que as coisas são o que não são. Pois, como dizia o grego Sócrates, “quem melhor conhece a verdade é mais capaz de mentir”, porque não é suficiente estarmos empregados, sim, com que estamos ocupados. E, portanto, parece paradoxal que numa sociedade em que se busca o lucro à custa da degradação do corpo, possa-se almejar desenvolvimento humano. EU É QUE NÃO ACREDITO MAIS NOS “ELES”. E VOCÊ?

Por: Adão Lima de Souza

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Ignácio de Loyola Brandão: A Descoberta da Escrita.



Num tempo em que se desconfiava de tudo e todos, pois um clima de suspeição e medo pairava no ar, o escritor paulista Ignácio de Loyola Brandão, neste conto A Descoberta da Escrita, traça o retrato da sociedade brasileira nos tempos da Ditadura Militar.


T
entava escrever e eles surgiam, levando todo o material. Confiscavam e sumiam. Sem satisfações, mas também sem recriminações. Não diziam nada, olhavam e recolhiam o que estava sobre a mesa.

Tentou mudar de casa, não adiantou. Eles chegavam apenas a caneta tocava o papel. Como se aquele toque tivesse a capacidade de emitir um sinal, perceptível somente por eles, como o infra-som para um cachorro. Levaram todos os papéis.

E quando ele tentou comprar, as papelarias não venderam sem a requisição oficial. Nenhum tipo de papel, nada. Caderno, cada criança tinha direito a cotas estabelecidas.
Desvio de cadernos era punido com degredo perpétuo. Rondou as padarias e descobriu que o pão era embrulhado em plásticos finos, transparentes. E quando quis comprar um jornal, viu que as margens não eram brancas, vazias. Agora, havia nelas um chapado preto, para impedir que se escrevesse ali. Uma noite, altas horas, escreveu nas paredes. 

E pela manhã descobriu que eles tinham vindo e caiado sobre o escrito. 

Escreveu novamente. Caiaram, outra vez. Na terceira, derrubaram as paredes. Ele procurava caixas, aproveitar as áreas internas. Eles tinham pensado nisso, antes. As partes internas eram cheias de desenhos, ou com tintas escuras sobre as quais era impossível gravar alguma coisa. 

Experimentou panos brancos, algodão cru, cores leves como o amarelo, o azul claro. Eles também tinham pensado. As tintas manchavam o pano, borravam, as letras se confundiam.
Eles não proibiam, prendiam ou censuravam. Pacientemente, vigiavam. Controlavam. Dia a dia, minuto, segundos. Impediam que ele escrevesse. Sem dizer nada, simplesmente tomando: objetos, lápis, canetas, cotos de carvão, pincéis, estiletes de madeira, o que ele inventasse.

Dois, cinco, doze anos se passaram. Ele experimentou fabricar papel, clandestinamente, em porões e barracos escondidos no campo. Eles descobriram, arrebentavam as máquinas, destruíam as matérias-primas.

Ele tentou tudo: vidros, madeira, borracha, metais. Percebia, com o passar do tempo, que eles não eram os mesmos. Iam mudando, se revezando. Constantes, sempre incansáveis, silenciosos.

Deixou o tempo correr. Fez que tinha desistido. Só pensava, escrevia dentro da própria cabeça tudo o que tinha. Esperou dois anos, cinco, doze. Quando achou que tinha sido esquecido, colocou o material num carro.

Tomou estradas para o norte, regiões menos povoadas. Cruzou pantanais, sertões, desertos, montanhas. Calor, frio, umidade. Encontrou uma planície imensa, a perder de vista. Onde só havia pedras. Ficou ali. Com martelo e cinzel, começou a escrever. Gravando bem fundo nas pedras imensas os sinais. Ali podia trabalhar, sem parar.

E o cinzel formava, lentamente, as, bês, cês, dês, pês. Traços. Palavras, desenhos.

Do livro O Homem do Furo na Mão e outras histórias

DORSAL ATLÂNTICA: O Metal Brazuca.



 
Por: Adão Lima de Souza

Dorsal Atlântica, banda brasileira de thrash metal, foi fundada no Rio de Janeiro, em 1981, e influenciou bandas como Sepultura e Korzus.

 A origem da banda remonta a uma festa de escola, em que o guitarrista Carlos “Vândalo” Lopes, de cara pintada como Gene Simmons do Kiss, agitou a galera tocando covers de Ted Nugent, o próprio Kiss, Made In Brazil e Black Sabbath. A partir daí surgia no cenário tupiniquim uma representante legítima do Heavy Metal cantado em Língua Portuguesa.

De forma aleatória batizaram a banda com o nome Dorsal Atlântica e caíram na estrada, lançando seu trabalho autoral no primeiro Rock In Rio, em 1985, um disco de rock pesado como nenhuma outra banda brasileira tinha feito.

Neste período, o baterista Marcos “Animal”, fã da banda, foi convidado a fazer parte da trupe, permanecendo por um ano.

Em 1986, lançaram o disco “Antes do Fim”, por uma gravadora paulistana, acostumando a cidade de São Paulo ao hardcore e os cabelos compridos dos headbangers.

O álbum vendeu oficialmente 3.000 cópias, em que pese afirmações de que o número exato seria 10.000, tendo os proprietários da matriz escondido a verdade para não dividir o lucro, ademais eram tempos em que não havia controle sobre a produção de unidades no Brasil. Apesar disso, o álbum foi escolhido o melhor do ano. E a banda seguia lotando shows no Rio, Minas Gerais e São Paulo, consolidando sua legião de fãs país.

Ainda em 1986, a Dorsal Atlântica abriu o primeiro show underground internacional ocorrido no país, em que participavam Venon e Exciter, no Maracanãzinho. Após isso, fizeram shows internacionais nos Estados Unidos e na Alemanha, e abriram o show do Motörhead em Porto Alegre.

Em 1988 a banda foi convocada para tocar no Monster of Rock, festival tradicional na Europa e que trazia como atrações bandas como Slayer e Megadeth, fazendo pipocar pelo país  fã-clubes que perduram até hoje.

Há dois anos, depois idas e vindas, a Dorsal Atlântica ensaiou sua volta com o álbum 2012.

Formação Atual:
Carlos “Vândalo” Lopes – vocal e guitarra;
Cláudio”Cro-Magnon” Lopes – baixo;
Toinho “Hardcore” – bateria.

Discografia

Álbuns de estúdio
Álbuns ao vivo

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

À BUKOWSKI: Nick Belane e o Pardal Vermelho


Charles Bukowski


Pés sobre a mesa, cigarro acesso,
Escritório vazio, a Vodca pela metade.
Batida forte na porta:

_ Sr. Belane, diz Dona Morte.

Agruras intermináveis,
Visões terrificantes no espelho.
Confusões de rostos e destinos,
Aparições femininas
Inexplicáveis como o tempo.

O Santo Graal ofuscado pelo Pardal Vermelho.

Outro gole movimenta a vodca companheira,
O mesmo escritório vazio
Uma arma calibre 45 na gaveta,
Homens violentos socam a porta,
Clientes esquizofrênicos lhe dão dinheiro,
Casos esquisitos transcendem o espaço-tempo.

Prostitutas, patifes, alienígenas
Acompanham-no na noite, na vida
Compartilham do fracasso, da bebida,
Enquanto poetas mortos lhe revelam o espelho,
Dona Morte lhe espreita sorrateira,
Conduzindo-lhe ao Santo Graal Pardal Vermelho.

De: Adão Lima de Souza 
(Inspirado em PULP, última novela de Bukowski)