OS “ELES” QUEREM NOS FAZER CRER
que desenvolvimento econômico e social se alcança única e exclusivamente pela criação
de mais subempregos, como se, automaticamente, cada um que vendesse sua hora de
trabalho fosse de imediato alçado aos patamares sociais, e de qualidade de vida,
medidos pelos órgãos governamentais IPEA e IBGE. Por isso, os gerentes dos
“Eles” sempre comemoram ou justificam qualquer oscilação nos gráficos que mensuram
o volume de trabalhadores disponível no mercado, a fim de, pelo desequilíbrio
entre a oferta e a demanda, manter como reserva um exército de desempregados e,
com esse maquiavelismo, baratear o preço da mão de obra empregada.
E
o mais desalentador é constatar que essa ideia, anacrônica e atávica, vem ganhando,
com o cinismo de governos pretensamente pró-operariado, cada vez mais acolhimento
nos pleitos trabalhistas, pela ação nefasta de sindicatos pelegos que vedem as
pautas reivindicatórias para galgarem postos políticos. E enquanto isso, a
massa de trabalhadores, alheia aos sinônimos reais do que seja, de fato,
flexibilização das Leis trabalhistas, segue abrindo mão de direitos e garantias
fundamentais à justa troca entre capital e trabalho, sem se aperceberem que
tais conquistas advieram da luta e do sangue de seus antecessores.
Diante
disso, ouvir de uma pessoa leiga: “Se historicamente a relação Capital e
Trabalho perseguiu o equilíbrio por meio da concessão mútua, consolidando-se
leis que assegurassem, por um lado, o lucro crescente do empregador e, por
outro, o mínimo de dignidade ao empregado, mas agora, exigem que este abra mão
do pouco conquistado em benefício do “Status quo” daquele, então negociar é,
hoje, entrar o trabalhador com a cabeça e o patrão com a guilhotina”. Os Economistas
e outras pessoas letradas a serviço dos “Eles” dirão que fortalecer a empresa é
– certamente por vias que somente “Eles” entendem – assegurar trabalho e renda para os pais de família.
E
quanto ao operário, que pelo poder de barganha dos patrões e, devido a sua
urgência em satisfazer necessidades primitivas como comer e se abrigar, sempre
vende barato sua força de trabalho, tendo ainda que arcar com a ganância
estatal a lhe tomar até o último centavo em impostos estratosféricos,
condenando-o a condições perversas de subsistência, entenderá ele, algum dia,
que num sistema capitalista tudo, mesmo o dito inalienável, é produto passível
de valoração pelo vil metal? E que,
quando se fala em Bem Estar Social, quer-se, todavia, legitimar o discurso
cínico de que o sacrifício de direitos dos trabalhadores oportuniza a justa
divisão de ganho de capital aos seus iguais?
É
por essas e outras, que os “Eles” se refestelam na abastança, enquanto os
trabalhadores fazem malabarismos com os “caraminguás” que auferem a título de
salário com sua labuta árdua e mortificante. Despendendo um esforço hercúleo
para tornar realidade a falsa promessa de amor que a nossa poética Constituição
sacramentou como direito inalienável de todos, dever do Estado e de toda
sociedade.
ENTÃO,
como se diz por aí que “o trabalho dignifica o homem” – ou danifica? - é bom
não esquecer que todo trabalho realizado no mundo é para fazer parecer que as
coisas são o que não são. Pois, como dizia o grego Sócrates, “quem melhor
conhece a verdade é mais capaz de mentir”, porque não é suficiente estarmos empregados,
sim, com que estamos ocupados. E, portanto, parece paradoxal que numa sociedade
em que se busca o lucro à custa da degradação do corpo, possa-se almejar desenvolvimento
humano. EU
É QUE NÃO ACREDITO MAIS NOS “ELES”. E VOCÊ?
Por: Adão Lima de Souza
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