sexta-feira, 13 de novembro de 2020

Um poema sobre mim e Deus.

 



Deus sabe que de mim nada pode esperar

Porque sabe exatamente quem eu sou

Porque conhece minha imperfeição

Pelo tamanho de minha finitude.

ELE sabe de antemão o resultado das provações

A que me submete agora e no futuro.

Deus sabe que eu sou só fragilidade e ignorância

Por isso não me fez a sua imagem e semelhança!

 

Talvez Deus me tenha feito para o pecado,

Porque esse é o máximo de livre arbítrio que nos une:

Eu como a limitação do corpo,

ELE como a infinitude do ser.

Numa combinação de tempo e angústia

Regida pelas leis do acaso e da ponderação.

 

Deus sabe que sendo o pecado,

Eu sou sua parte vencida

E, por isso, não podemos competir.

E que, embora eu não seja um deus,

Eu sou sua imagem e semelhança,

Não porque ELE me tenha feito assim,

Mas, porque, essa é a significância do tempo para nós:

O entrelaçamento de duas existências

Que nunca se fará carne,

Por conta da transitividade do verbo que é.

 De:  Ponciano Ratel