OS “ELES” QUEREM NOS FAZER CRER
que o maior investimento em Segurança Pública no Brasil é persistir na
estupidez de tratá-la sempre como se fosse caso de polícia. Por isso, toda vez
que explode uma crise em algum Estado, volta à ordem do dia as mesmas ponderações
contraproducentes a cerca do tema segurança, tais como aumentar ou equipar o
efetivo das polícias; executar, sem planejamento algum, estratégias
mirabolantes de cooperação entre as Secretarias de Segurança estaduais ou,
então, se traz à tona o famigerado e
obsoleto discurso inconsistente de que
recrudescendo a pena se previne o crime.
Diferentemente,
porém, aconteceu com países um pouco mais civilizados, que a duras penas, compreenderam
que as variáveis da violência urbana são múltiplas e, portanto, clamam por
ações coordenadas que perpassam, primeiramente, pela reestruturação social, com
investimentos pesados em educação, saúde, urbanismo, prevenção, e só depois,
pela reestruturação das polícias, com plano de cargos e carreira decente,
treinamento compatível com o tipo de crise para a qual se prepara e, por fim, a
desmilitarização dessas forças instrumentos de concretização do Poder de
Polícia da Administração Pública.
Diante
disso, ouvir de uma pessoa leiga: “Se as polícias, cuja missão é proteger o
cidadão de possíveis violações aos direitos deste por parte de outrem,
defendendo as condições inafastáveis para exercício pleno da cidadania, agem
contrariamente aos preceitos legais, torturando e matando tanto quanto os delinquentes
ou, ainda, reprimindo violentamente as manifestações populares, então, não é de
força institucionalizada que se fala, mas, sim, de milícias a serviço dos
Chefes de Governo”. Os Especialistas em Segurança e outras pessoas letradas a
serviço dos “Eles” dirão que, governo forte é aquele que impõe a manutenção da
ordem pública sem titubeios ou ponderações sentimentalistas. Porque “Direitos
Humanos é para os Humanos Direitos”.
E
quanto ao jovem nascido nos bolsões de miséria e violência, sem acesso mínimo
aos serviços indispensáveis de segurança, saúde e educação, tendo que se
equilibrar entre a escassez e o desespero e sendo constantemente cortejado, de
um lado, pelo crime organizado e, de outro, estereotipado pelas autoridades
como um mal a ser erradicado pela ação truculenta da polícia, entenderá ele,
algum dia, que sua insignificância para o Estado decorre não do fato comprovado
de sua periculosidade, mas, sim, de sua condição social inferiorizada? E que, quando se fala em pacificar áreas
supostamente dominadas pelo crime dito organizado, quer-se, porém, ao mesmo
tempo, legitimar faxinas étnico-sociais?
É
por essas e outras, que normalmente a pasta de Segurança é ocupada por
militares ou pseudos militares de
carreira, cuja belicosidade é traço imanente a sua personalidade forjada pelo
aquartelamento e a disciplina calcada no alheamento das questões sociológicas.
E tal escolha se deve ao pensamento equivocado de que o confronto brutal é a
melhor estratégia, pois, na guerra, quem tem mais força subjuga o mais fraco. E
quanto a possíveis sacrifícios de inocentes; sabido é que não se vence nenhuma
batalha sem as inevitáveis baixas. Ademais, estando a paz dos “Eles”
assegurada, por decorrência lógica, estará em paz toda sociedade.
ENTÃO,
como se diz por aí: “direito tem quem direito anda” e “cada povo tem o governo
que merece”. Ou seria a polícia que merece? Ou a segurança a que faz jus? Em
todo caso, ao contrário do que se crê, quanto maior a necessidade de aumentar o
efetivo das polícias, mais inseguras são as cidades. Já que a prioridade é
construir presídios em vez de escolas. E assim, enquanto o crime grassa pelas
ruas, o homem de bem permanece recluso em seu lar, confiante na falsa proteção
dos muros e das grades. E o legado do sábio Pitágoras de que educar as crianças
evita castigar os adultos se reduz a pregar no deserto. EU É QUE NÃO ACREDITO MAIS NOS “ELES”.
E VOCÊ?
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