OS “ELES” QUEREM NOS FAZER CRER
que o Brasil é o melhor país do mundo. Em que pese ser um lugar onde as pessoas
não respeitam umas as outras; onde idosos e crianças são maltratados cruelmente;
onde os direitos de minorias, constitucionalmente assegurados, são
cotidianamente violados por quem tem o dever de protegê-los; onde serviços
essenciais como saúde e educação, apesar de caríssimos, são insuficientes e de
péssima qualidade; onde ser honesto é ser otário e as Leis penais só são
aplicadas para punir negros e pobres, já que os crimes dos “Eles” são
tipificados com nomenclaturas grandiloquentes, dulcificantes, e seus agentes
beneficiados com penas irrisórias.
E
não bastasse isso, a corrupção grassa como um câncer em metástase, corroendo,
ainda mais, a débil estrutura econômica, política e social do país, ao tempo em
que as Instituições públicas são capitaneadas hereditariamente e as Leis são
fabricadas mediante casuísmo eleitoreiro pelo um bando de salafrários que se
apropriam de falsos partidos políticos para esvaziarem os cofres públicos e
assegurarem o ganho fácil de empresários desonestos com negócios escusos, o futebol
e a devassidão carnavalesca.
Diante
disso, ouvir de uma pessoa leiga: “Se no Brasil o povo almeja bons políticos
governando o país ou fazendo as Leis, mas, reelege indefinidamente os mesmos
sacripantas, perpetuando o parasitismo e a iniquidade, então este povo nada tem
de inocente, pois não se trata aqui de conveniência pura e simples, mas, sim,
de cumplicidade delituosa”. Os Sociólogos e outras pessoas letradas a serviço
dos “Eles” dirão que a democracia brasileira é ainda muito incipiente, por
conseguinte, demandará maior lapso temporal para o povo aprender que votar é
diferente de escolher.
E
quanto ao eleitor mais esclarecido, o formador de opinião, aquele que teve
acesso à educação e informações capazes de conduzir à reflexão pertinente e
crítica sobre as relações sociais deterioradas no Brasil, mas que continua a
vender seu voto, nunca entenderá ele, que aquele que vende seu voto, segundo o
Barão de Itararé, recebe sempre mais do que merece? E que, quando se fala em democratizar os
espaços de decisão na frágil República do Brasil, quer-se, ao mesmo tempo, reafirmar
que para a manutenção do status quo dos “Eles”, é imprescindível uma massa
despolitizada, alijada das decisões relevantes, porém, crente de que
simplesmente votar em um ou outro candidato pré-fabricado pelas velhas oligarquias
é pleno exercício de cidadania?
É,
por essas e outras, que os “Eles” fizeram da cidadania uma palavra inócua, onde
a polícia amedronta tanto quanto a crueldade desesperada de desalmados bandidos,
onde quase todos querem estar no poder para praticar os mesmo atos corruptos, e
desse modo perpetuam no comando pessoas desonestas. E, ademais, enquanto se é
exaltado o orgulho incomparável de se ser brasileiro por sabermos chutar bola e
sacolejar a bunda, o cidadão brasileiro alquebrado pela corrupção diária dos
pequenos gestos, como sonegar-se a devolver o troco recebido a mais, segue
alimentando - oculto sob o manto da ignorância - a esperteza e a malandragem,
alcunhadas carinhosamente de “jeitinho brasileiro”, e colaborando, portanto, com
o enriquecimento ilícito “Dos Eles”, à custa do suor do trabalho dos que se
contentam com políticas assistencialistas eleitoreiras, ineficazes para atenuar
o abismo social entre os iguais e “Os iguais”.
ENTÃO,
parodiando o saudoso Otávio Mangabeira: “Dizei-me um absurdo e eu direi que no
Brasil há um precedente”. Contudo, não será isto suficiente para fazer ruir a
crença geral de que o Brasil é mesmo o país do futuro, ainda que, como disse
Lévi Strauss, a sociedade brasileira siga caminhando da barbárie direto para
decadência, sem nunca passar pela civilização. Entretanto, que venha mais um
feliz ano novo velho trazer o devir tão longamente esperado pelo povo
brasileiro! EU
É QUE NÃO ACREDITO MAIS NOS “ELES”. E VOCÊ?
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