O mais comum no Brasil é ver o honorabilíssimo eleitor se
lastimar da escolha errada que fez na última eleição. No entanto, além de
tardia, a constatação do equívoco é inútil, pois pelos quatro anos do mandato,
nada senão lamúrias o cidadão supostamente enganado poderá fazer para reverter
as consequências danosas de sua malograda inclinação por este ou aquele
candidato vendido pelos marqueteiros como produto de consumo.
Ademais, junte-se a isso um analfabetismo político crônico
do eleitor brasileiro, somado à corrupção endêmica que vai do povo ao governo,
e temos, então, um país chafurdado no lodaçal imundo da imoralidade
administrativa, aonde princípios republicanos como a impessoalidade, a
eficiência e probidade são relevados ao ostracismo por pessoas inescrupulosas,
cujos propósitos são, desde outrora, saquear os cofres públicos a fim de
enriquecer ilicitamente em detrimento da continuidade e suficiência da
prestação de serviços essenciais de saúde, educação, segurança, lazer.
Todavia, forçoso é admitir que parcela considerável, senão a
completitude das causas das mazelas na malversação do dinheiro do contribuinte,
deve ser creditada ao eleitor, que movido por interesses pessoais, opta sempre
por dar um voto de confiança justamente a quem se vale de expedientes escusos
para captação ilícita do sufrágio.
Porque, inegavelmente, o cidadão brasileiro jamais cogita da
efetividade de projetos eleitoreiros vendidos como soluções mágicas pelos
candidatos a vereadores, por exemplo, para os problemas enfrentados
cotidianamente nas cidades pequenas, médias ou grandes desse país continental.
Ao contrário disso, os vencedores das eleições nestas
cidades, sejam vereadores, prefeitos, governadores, deputados, senadores e
presidente, são beneficiados pela inclinação cultural de eleitores ávidos em
apostar seu voto no concorrente que melhor sinaliza com a concessão de ganhos
financeiros para o votante e sua família ou pessoa de seu círculo de relações,
pouco ou nada se importando com o interesse coletivo.
Isto posto…Quando um político suspeito de roubo, fraude,
desvio de verbas públicas ou outro ato qualquer de corrupção, diz estar ali
representando a vontade do povo, devemos nos perguntar se realmente a nossa
conduta seria diferente da dele, uma vez que é sedimentado no eleitor a certeza
de que qualquer um – e isso nos inclui – lá estando, se não roubar é um tolo.
Então, caro eleitor, por que os políticos seriam o que de
mais iníquo há em nossa sociedade, se são fieis a nossa vontade?
Por: Adão Lima de Souza
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