sábado, 3 de maio de 2014

Golpe Militar: 50 anos de mentira e covardia.

Para o filósofo francês, Alain Badiou, inventariar o século XX se impõe de imediato a contagem de seus mortos, pois os parâmetros históricos são os campos de extermínios, os massacres de minorias étnicas e a tortura decorrentes da crueldade e da covardia da ação criminosa do Estado.
No Brasil, cuja história dá conta de duas sangrentas ditaduras, não há outra questão de maior relevância senão esta: a da contagem de seus mortos, principalmente do período recente de nossa história, quando por vinte e um anos perdurou um sangrento, cruel e covarde regime de exceção imposto pelos militares.
Hoje, 31 de março, o Golpe Militar, chamado carinhosamente pelos torturadores impunes de “Revolução”, completa 50 anos sem que se tenha ainda sinalizado para possibilidade de se começar a contar os seus mortos, já que os arquivos secretos desta época de trevas continuam trancafiados na memória assassina e condescendente dos que chefiam esta nação desde 1964.
Acreditou-se, por um tempo, que com a chegada de uma ex-guerrilheira ao poder se pudesse vislumbrar o devido ajuste de contas histórico, abrindo-se os tenebrosos arquivos dos porões da ditadura, não como medida revanchista, mas, sobretudo, para que se pudesse, de fato, revelar às novas gerações os atos de extrema violência, crueldade e covardia perpetrada por aqueles cuja missão deveria ser proteger seu povo e não massacrá-los como fizeram as Forças Armadas deste país, sob a cínica promessa de defesa das instituições democráticas.
Agora, após meio século transcorrido, familiares, parentes e amigos dos jovens brutalmente torturados e trucidados pelos militares, permanecem mergulhados no sofrimento e na angústia de nada saber sobre o que, de fato, aconteceu nos denominados “Anos de Chumbo”. Sem o consolo de saber se e onde foram enterrados os corpos sobre os quais os generais ensandecidos saciaram sua carência mórbida por sangue e seu desejo necrófilo pelo espetáculo sádico da tortura e da morte.
Por isso, diante da cumplicidade de nossos governantes, ao manterem sob sigilo perpétuo a verdade sobre este capítulo da história brasileira, os cidadãos decentes permanecem alijados da verdade, alheios aos atos inumanos praticados por quem confiamos nossa vida, nosso destino, por acreditarmos que estarão prontos ao sacrifício pela nação e pelo o povo, conforme seu juramento.
E o que vemos é um esforço desproporcional por parte do governo para manter ocultos os crimes dos militares durante a ditadura, não oportunizando ao cidadão o resgate de nossa história, construída pelo sofrimento indescritível de corpos jovens submetidos à tortura, dos abortos elétricos, dos paus-de-arara e outras atrocidades que satisfizeram  a bestialidade de militares que sempre traíram o povo brasileiro,  seja nas negociatas com agentes estrangeiros, seja na brutal repressão interna.
Isto posto… Que “Braço Forte, Mão Amiga” é essa que nunca exitou em disparar sua arma contra o povo? E a presidente Dilma, que tal se presenteasse o Brasil neste dia com a abertura dos arquivos secretos da Ditadura Militar?
 Por: Adão Lima de Souza.

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