sexta-feira, 2 de maio de 2014

Estelionato Eleitoral ou Cumplicidade Delituosa do Eleitor?

Há, no Brasil, um entendimento enraizado de que todo político é desonesto, inescrupuloso, egoísta e traidor, pois, lança mão de todo e qualquer artifício e de falsas promessas para conquistar o voto do eleitor, porém, quando se elege finge esquecer-se dos compromissos firmados com a sociedade e se empenham, unicamente, em projetos individualistas, frequentemente escusos, que possam fazê-lo enriquecer de forma rápida.
Por essas razões, o cidadão ao escolher aquele que merece seu voto de confiança para representá-lo no parlamento, vereadores, deputados e senadores, ou conduzir a Administração Pública nas funções de prefeito, governador e presidente da república, o faz guiado pelo entendimento de que se todos são iguais, é indiferente em quem se vai votar e, portanto, melhor candidato é aquele que sinaliza com alguma satisfação de interesse próprio do eleitor, porque as coisas são assim e dessa maneira permanecerão já que qualquer um que se eleger agirá de igual modo.
Ou seja, de antemão, significa dizer que sendo os eleitos advindos do seio da sociedade; toda sociedade é incuravelmente corrupta.
Diante de tal constatação, pensar assim parece bastante confortável, pois consola nossa consciência e nos faz dormir em paz, livres dos terrores noturnos a que teríamos de suportar se não nos esquivássemos da realidade dos fatos. Porque, em verdade, admitir que tudo na política é do modo que é e continuará assim para sempre é, além de confortável para nossa consciência, reconhecer que nossos representantes fazem justamente aquilo para que os elegemos, pois se são corruptos o são por determinação do próprio eleitor e, por isso, sequer podem ser admoestados.
Enfim, acreditar que no tocante à política, comportamentos sádicos, mesquinhos, desonestos e covardes são sua essência significa, a um só tempo, perdoar as faltas de nossos representantes e a nós mesmos pela escolha errada – ou certa? – que fizemos. O que torna irrefutável afirmar que tudo está na mais perfeita ordem e harmonia uma vez que toda ação de nossos vereadores, deputados, senadores, prefeitos, governadores e presidente traduz, inegavelmente, a vontade do cidadão que o elegeu.
Entretanto, sou da opinião que persistir com a crença de que qualquer um que consiga o poder fará exatamente como os que lá estão, significa admitir que todos eles estão perdoados pelos erros que cometerem, pois os cometem para concretizar nossa vontade. E isso, é justamente do que precisam as mentes corruptas para se deleitarem na benfazeja sociedade brasileira, que para negar sua cumplicidade delituosa julga conveniente perdoar mal feitores renovando a confiança neles com novos mandatos eletivos.
Para encerrar, estou convicto de que não se trata mesmo de estelionato eleitoral, mas sim de cumplicidade delituosa da parte do eleitor que compra a ideia de imutabilidade da situação ao negociar seu voto ou se omitir diante dos desmandos políticos sob a alegação de que nada pode fazer para mudar isto.
Isto posto… Caro eleitor se nada pode fazer para acabar com a corrupção política no país, que tal não renovar a confiança em quem já lhe traiu?
Por: Adão Lima de Souza

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