Quanta altivez há num sorriso!
Por que, então, sorrimos tão pouco?
Porque somos por demasiado sérios
E sabemos que é preciso a palavra.
Por isso, falamos a esmo... Mesmo sendo inconclusas as
palavras!
Contudo, dentre tantas línguas, só o riso é universal
Por haver nele coloquialismo e esquivança de regras.
Quanta ilusão há num sorriso!
E como sorrir os desiludidos!
Uma porção de palavras se traduz no riso...
Porém, somente aquelas pensadas, mas não ditas,
Constituem ultraje e repúdio contra as proibições.
Quanta intenção há num sorriso!
Ainda que desinteressado,
Ou o tímido forjado no canto da boca,
Confessando mais que se pretende!
Quanta tristeza há também num sorriso!
Sobretudo nos que disfarçam as insinuações
E se recolhem em si mesmos
Como sorrisos falsos e comunicações oficiais.
Adão Lima de Souza
Do Livro A Vela na Demasia de Vento
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