OS “ELES” QUEREM NOS FAZER CRER
que viver em cidades de concreto e asfalto seja sinônimo de civilidade e
progresso econômico. E que, por estas razões, devemos aplaudir de pé os planos
de mobilidade e desenvolvimento urbanos fundados única e exclusivamente na
construção de equipamentos públicos destinados aos automóveis, como viadutos,
anéis viários e estacionamentos, e, assim, contemporizarmos com as políticas
governamentais para as cidades, nas quais o conforto e a saúde da pessoa
humana, que deveriam ser prioritários, são relegados ao ultimo plano, como se
os monstrengos de ferro e estofados fossem coisas mais importantes que árvores
e bichos de carne e osso.
E
isto é perceptível quando miramos o olhar para a cidade em que vivemos e
constatamos a vultosa soma de investimentos gasta nas últimas duas décadas, a
fim de espalhar sobre as antigas pavimentações de pedras ornamentais o manto
negro de betume, impossibilitando o escoamento das águas das raras chuvas que
se precipitam sobre nossa cidade e, desse modo, transformando as extensas
avenidas em imensos espelhos refratores dos raios solares, reproduzindo em
nossas casas e nos espaços de lazer o mesmo efeito necessário ao cultivo de
rosas em estufas.
Diante
disso, ouvir de uma pessoa leiga: “Se vivemos numa cidade de elevadas
temperaturas, causadas pela incidência do sol o ano inteiro, mas não há nenhuma
política de arborização por parte do gestor municipal que possa amenizar os
efeitos nocivos à saúde coletiva, então melhor seria só termos prefeituras
desertas”. Os Urbanistas e outras pessoas letradas a serviço dos “Eles” dirão que
é, ainda, incipiente a nossa educação ambiental e, portanto, investimentos em
mobilidade urbana e obras faraônicas reclamam maior urgência política.
E
quanto ao cidadão que se vê alijado todo dia do seu direito de respirar ar puro
e de sentar-se à sombra de uma árvore frondosa, porque as escassas áreas verdes
se encontram em petição de miséria pelo abandono e a depredação diretamente estimulada
pelos administradores das cidades, cujo propósito é, incansavelmente, dilapidar
o erário público, financiando a ganância de grandes empreiteiras, entenderá ele,
algum dia, que o que se costuma chamar de direito coletivo ou difuso, como o
direito ao meio ambiente saudável, a qualidade de vida, ultrapassa não só a sua
esfera individual, mas uma coletividade indeterminada inteira? E que, quando se
fala em direito de todos, quer-se, porém, ao mesmo tempo afirmar que nem todos
têm direitos, a não ser de forma difusa e, portanto, indeterminada e incerta?
É,
por essas e outras, que “Os Eles” a quinhentos e quatorze anos espalham o
deserto, devastando a Amazônia, as Matas Atlânticas, os Cerrados e as Caatingas.
E, impunes, seguem se locupletando à custa do ar poluído que respiramos. E a
menos que, como bem dizem os urbanistas “Dos Eles”, esforcemo-nos para absolver
uma verdadeira educação ambiental e façamos chegar aos ouvidos dos gestores de
nossas cidades a exigência por um meio ambiente equilibrado, onde pessoas e
árvores sejam mais importantes que carros, nunca deixaremos de ser insignificantes
para o Estado “Dos Eles”.
ENTÃO,
como dizem os ambientalistas: “O nível de poluição ambiental nas cidades é
igual ao da burrice de seus moradores”. E, por fim, também deveria ser nossa a frustração
do professor de "Direito Ambiental" em não poder esganar o animal que
não presta atenção na sua aula. EU
É QUE NÃO ACREDITO MAIS NOS “ELES”. E VOCÊ?
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