OS “ELES” QUEREM NOS FAZER CRER
que a melhor forma de democratizar o ensino superior no Brasil é através de
exames excludentes, cujos critérios avaliativos perpassam ao longe do que se
pode chamar de processo isonômico. É o caso do Exame Nacional do ensino Médio,
ENEM, que se consubstancia num verdadeiro tratamento igualitário entre os
desiguais, perpetuando, portanto, as desigualdades. Porque, as famílias
abastardas que, tradicionalmente, sempre ocuparam as vagas nas melhores
universidades públicas, as federais, por nunca lhes faltar recursos para enviar
seus filhos a qualquer lugar do país, é quem continua se beneficiando.
Diferentemente,
dá-se, porém, com os filhos da classe trabalhadora, cada vez mais longe do
sonho do curso superior, devido ao desequilíbrio de armas entre eles e os
filhos dos “Eles”, já que estes últimos frequentam as melhores escolas de
ensino básico, preparando-se para o ENEM, enquanto os primeiros atrofiam ainda
mais sua escassa inteligência, minguando nas cadeiras desconfortáveis dos
depósitos de embrutecimento que o governo denomina, e, resignados, nós
aceitamos chamar de escola pública. E, desse modo, vão os filhos da opulência
se eternizando nas funções de comando.
Diante
disso, ouvir de uma pessoa leiga: “Se no Brasil o sujeito só tem importância se
é doutor, mas não há universidade suficiente para fabricar os doutores que o
país precisa, então está na hora de importar, além dos médicos cubanos, outros
profissionais mais eficientes que os nossos, para ensinar ao jovem brasileiro o
que nossas escolas não conseguem”. Os educadores e outras pessoas letradas a
serviço dos “Eles” dirão que, pela atual conjuntura educacional do país, em que
os investimentos só tendem a crescer, não tardará a sermos reconhecidos como
grandes cientistas.
E
quanto ao jovem que nunca teve acesso a uma publicação científica, por serem
elas quase inexistentes no Brasil dos doutores de “status” e dinheiro, tendo
que responder a questões formuladas no ENEM com base nestes “folhetins
científicos” de língua inglesa, entenderá algum dia que esse tipo de exame,
assim como os antigos vestibulares, supre, ao mesmo tempo, a escassez de
ofertas de vagas pelo Estado e a necessidade de investimentos em alunos de boa
formação básica? E que, quando se fala
em educação para todos, quer-se, ao mesmo tempo, dizer que apenas alguns
privilegiados terão esse direito?
Por
essas e outras, é que temos uma juventude letárgica, perdida num amálgama de
preocupações frívolas, inúteis. Uma juventude acrítica ante a grandiloquência
“Dos Eles” em pré-fabricar discursos rebuscados para manter o “status Quo” de
uma classe parasitária e indiferente, que despreza o povo ao subsidiar a tese
de “total insignificância do cidadão perante o Estado”, enquanto refestela-se
na benevolência dirigida das políticas públicas.
ENTÃO,
como se diz por aí, que padece de tremenda ingenuidade aquele que crê numa
justa divisão de oportunidades entre ricos e pobres, sem que uma colisão
provoque a devida ruptura, invertendo a ordem das coisas para que sejam os
iguais tratados de modo igual e os desiguais de modo desigual, conforme
preceitua o bom direito, não há como esperar um por vir. EU É QUE NÃO ACREDITO MAIS NOS “ELES”.
E VOCÊ?
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