Ao Velho Chico
Do cais, quantos poetas viram no rio:
Imagens fascinantes, encantamentos.
E ouviram histórias extraordinárias
Sobre os habitantes abissais
Noctívagos emergentes: sereias e homens-d’água.
Alguns não foram ao rio
Aguardaram os pescadores que lhes traziam notícias:
Sobre as estatísticas, vazão e assoreamento.
E escreveram miríficos poemas
Que se tornaram públicos alguns.
Outros segredaram a impressão que o poeta teve do rio.
Namoradas se apaixonaram no cais.
Nem eram poetisas, mas encantadas com o rio,
Tiveram delírios poéticos.
E esperaram o boto que sai à noite pra namorar.
Homens taciturnos nunca foram ao cais
Por isso lançaram dejetos no rio,
Pavimentaram suas margens.
Homens de negócio se locupletaram com o rio
Loucos e namorados
singraram na correnteza do rio
Sob o olhar dos monólitos imensos às suas margens.
Agora a polícia nos protege do cais.
Adão Lima de Souza
Do Livro: A Vela na Demasia de Vento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário