sexta-feira, 20 de junho de 2014

Alma pusilânime


Sigo tangenciando a vida
Sem reservas ou alumbramento
Não me apraz atitude desmedida
Que congregue dor ou arrependimento.

Não sou atroz, alegre ou cantante.
Nem audacioso ou afoito ou afeito
Ao dia passado distante
Sem desmesura ou trejeito.

Não sou obra; sou acaso.
Trago ilusões e rompantes
De ódio, de desdém, de descaso,
De trilhas e caminhos errantes.

Cultivo dos sentimentos a amizade
Por seres quase inanimados
Que trazem nos gestos a bondade
Pelas almas vis e os espíritos derrotados.

Mais me importa o trabalho do artesão
Que afugenta os algozes do homem moderno
Que labuta construindo seu próprio inferno
Para nele vicejar sua criação.

Adão Lima de Souza

Do Livro: A Vela na Demasia de Vento.

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