Por Rafael Gomes Penelas / A Nova Democracia
O primeiro Encontro da Frente Independente Popular (FIP) realizado na
Aldeia Maracanã nos últimos dias 14 e 15 de dezembro foi um marco para a
luta popular no Rio de Janeiro.
Construída com o suor e disposição de seus ativistas e organizações
independentes que a compõem, a FIP desde as jornadas do meio do ano vem
se destacando como um campo de luta combativo na capital fluminense e
servindo de exemplo para outros estados.
O I Encontro, como não poderia
deixar de ser, também foi organizado de forma independente. A reforma do
espaço, eletrificação, alimentação, segurança, ornamentação, finanças:
tudo! Tudo construído sem um centavo de governo, partido eleitoreiro,
empresa, etc. O que, de fato, predominou foi o próprio esforço de cada
um que ajudou a construi-lo. Um clima de intenso companheirismo cercou o
ambiente.
A plenária de abertura do Encontro na manhã de sábado lotou a Aldeia
Maracanã e, além das diversas organizações e militantes independentes,
contou com a participação de representantes da Liga dos Camponeses
Pobres (LCP) de Rondônia, companheiros que participaram da resistência
armada contra o regime militar, trabalhadores da saúde, professores,
movimentos de favelas e jornalistas de mídias populares.
As falas
iniciais deram o tom do evento: avanço das mobilizações, combatividade,
apoio às lutas populares em outras regiões do país e no mundo, fim das
ilusões com o velho Estado, rechaço aos megaeventos da burguesia e à
farsa eleitoral.
Como demonstração do seu apreço pela juventude combatente do Rio de
Janeiro, a LCP doou caixas de mel produzido pelos camponeses
especialmente para o encontro. A reportagem de A Nova Democracia acompanhou a atividade e também deixou sua saudação.
Após a plenária, o encontro foi dividido por Grupos de Discussão com
os diversos temas: Educação, Saúde, Terrorismo de Estado, Acesso a Terra
e Questão Indígena, Sindicalismo Revolucionário, Copa do Mundo,
Eleições e Direito a Cidade.
A primeira parte das discussões serviu para
todos os grupos fazerem um balanço do ano e da atuação da FIP nas
diversas lutas que ocorreram na cidade. A segunda parte foi para
aprofundar os debates em cada tema e sugerir propostas para organizar a
luta em 2014, ano da Copa do Mundo da grande burguesia.
Resistência no segundo dia: PM invade Aldeia Maracanã
No início das atividades do segundo dia foi informado que os
indígenas ocuparam, durante a noite, o espaço (ao lado) do terreno
pertencente à Aldeia que estava sendo utilizado como escritório pela
construtora Odebrecht para as obras de reforma do Maracanã. Quando
receberam a informação que as instalações estavam sendo demolidas, os
índios decidiram agir e ocupar o seu legítimo local. A FIP decidiu
apoiar a ocupação.
Não tardou e a odiosa tropa de choque da PM foi acionada e permaneceu
nos arredores do Maracanã. Para seu sujo serviço, ela contou com o
apoio dos abutres da polícia (os P2s) que, desde o dia anterior,
rodeavam a região. No início do confronto, a PM chegou a lançar gás
lacrimogêneo no espaço onde se encontravam, inclusive, crianças e
idosos.
Quando a plenária final do encontro teve início, a tropa de choque
invadiu o prédio ao lado. Os participantes do evento da FIP se
posicionaram e decidiram pela resistência combativa, motivo o qual a
polícia decidiu não ocupar a Aldeia.
A resistência prosseguiu durante a noite. Na manhã desta
segunda-feira, a tropa de choque invadiu o local. Os moradores e
indígenas da Aldeia mais uma vez se vêem diante de uma situação absurda
na qual os cassetetes da PM são a “resposta” para suas reivindicações.
Ônibus da polícia levaram os presos para a 18ª DP.
A reportagem de AND está acompanhando os fatos e manteremos nossos leitores informados pelas redes sociais.
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