OS “ELES” QUEREM NOS FAZER CRER
que o aniversário de vinte e cinco anos da Constituição traduz de fato o pleno
exercício da cidadania no Brasil. E que, apesar de muitos dos direitos nunca
terem saído do papel, passamos por um amadurecimento profundo nas relações
democráticas. É o caso da greve de professores no Rio de Janeiro, onde os
direitos e garantias fundamentais se materializam pela ação truculenta do
Estado ao reprimir, com bombas, socos e pontapés, a manifestação legal desses
profissionais já tão massacrados pela política educacional de nossa incipiente
(e insipiente) república.
E
não seria diferente, já que com o cidadão dito comum, o diálogo sempre foi
mediado pela força policial ou pelas instâncias judiciais validando a violência
com liminares e reintegrações de posses.
Independentemente de apreciação da legitimidade do protesto, suscita-se logo à
manutenção da ordem pública e a polícia sai distribuindo pancada pra todo lado,
coibindo o vandalismo com rigor e brutalidade, a fim de que “perigosos
professores” não ponham em risco o funcionamento normal das instituições
democráticas, tão afetuosamente subtraídas pelos governantes nos tenebrosos esquemas de
corrupção que se alastram desde a diretoria dos sindicatos de classes até a
antessala da Presidência da República.
Diante
disso, ouvir de uma pessoa leiga: “Se há o direito de reclamar, mais esse
direito deve ser exercido de forma tímida, silenciosa, sem revolta, então não é
protesto, é marcha para Jesus”. Os doutos e outras pessoas letradas a serviço
dos “Eles” dirão que o direito à livre manifestação existe, se e somente se,
não frustrar o interesse “Deles”.
E
quanto ao trabalhador que é violentamente reprimido pelo patrão que só visa o
lucro, pela polícia se reivindicar qualquer direito, pelo governo quando faz
greve, pelo ladrão, tomando porrada sempre que reclama de alguma coisa errada,
entenderá algum dia que direitos e deveres são para todos, pelo menos no papel?
E que quando se diz que todos são iguais perante a lei, quer-se, todavia, ao
menos tempo, afirmar que a lei não é igual perante todos?
Pois,
se os direitos existem apenas como possibilidades, vinte e cinco anos de uma
Constituição que não se efetivou minimamente, consubstanciando-se, ainda, numa
promessa falsa de amor, não nos transforma em nada além de cidadãos de papel.
Por
essas e outras, enquanto a polícia disciplina os professores “mal educados” à
custa de cassetetes e bombas de efeito moral, “Os Eles”, regalam-se na
impunidade sobre o pretexto de preservação das instituições. E cada ato
truculento contra nossos professores demonstra cabalmente o desprezo que nutrem
pelo povo, deixando evidente a total
“insignificância do cidadão perante o Estado”.
ENTÃO,
como se afirma na imprensa fascista manipulada pelos “Eles” que protesto
legítimo é protesto pacífico e ordeiro, pelo menos ainda nos resta o direito ao
vandalismo verbal. EU
É QUE NÃO ACREDITO MAIS NOS “ELES”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário