quarta-feira, 25 de setembro de 2013

SOBRE PALAVRAS E ÁRVORES




Lançar sobre o solo rústico da alma humana
Qualquer palavra frondosa
Que possa se traduzir em milhares de árvores
Para que possamos colher belos versos
E, á tarde, no portão, junto da mulher amada,
O sol se pondo,
Sussurrá-los ao tempo
Numa poética lascívia,
Que á noite,
Quando lua e estrela pairam no céu
E folhas caem ao soprar do vento,
Traz erotismo e chuva.

Enquanto os amantes descansam à sombra das árvores,
As palavras como folhas, em enxurradas, invadem casas e vidas
Levando a música trazida de longe
Para embalar os amantes que se aninham,
Roçando-se suavemente como galhos,
Na brisa noturna que antever a alvorada
E desperta os homens rústicos
Escondidos nos desvãos das palavras
Esquecidas no dicionário daninho da existência.

Adão Lima de Souza
Do Livro A vela na Demasia de Vento

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