terça-feira, 5 de julho de 2016

Luigi Pirandello


Felizes as marionetes’, suspirei, ‘sobre cujas cabeças de madeira o falso céu se conserva sem buracos! Nenhuma perplexidade angustiosa, nem prudência, nem empecilho, nem sombra, nem piedade: nada! Podem atuar bravamente e vivenciar com gosto sua comédia, e amar, e ter consideração e respeito por si mesmas sem nunca sofrer de vertigens ou tonturas, pois para seus tamanhos e atitudes aquele céu é um teto sob medida”.  (O Falecido Mattia Pascal)

O aspecto trágico da vida está justamente nessa lei a que o homem é forçado a obedecer, a lei que o obriga  a ser um. Cada qual pode ser um, nenhum, cem mil, mas a escolha é um imperativo necessário. E é essa escolha que organiza a nossa harmonia individual, o sentimento de nosso equilíbrio moral. É ela que constitui a tragédia e que faz com que os meus dramas não sejam simples farsas. Eles apresentam um lei de sacrifício: o sacrifício da multidão de vidas que poderíamos viver e que, no entanto, não vivemos.

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