Felizes as marionetes’, suspirei, ‘sobre cujas cabeças de
madeira o falso céu se conserva sem buracos! Nenhuma perplexidade angustiosa,
nem prudência, nem empecilho, nem sombra, nem piedade: nada! Podem atuar
bravamente e vivenciar com gosto sua comédia, e amar, e ter consideração e
respeito por si mesmas sem nunca sofrer de vertigens ou tonturas, pois para
seus tamanhos e atitudes aquele céu é um teto sob medida”. (O Falecido Mattia
Pascal)
O aspecto trágico da vida está justamente nessa lei a que o homem é forçado a obedecer, a lei que o obriga a ser um. Cada qual pode ser um, nenhum, cem mil, mas a escolha é um imperativo necessário. E é essa escolha que organiza a nossa harmonia individual, o sentimento de nosso equilíbrio moral. É ela que constitui a tragédia e que faz com que os meus dramas não sejam simples farsas. Eles apresentam um lei de sacrifício: o sacrifício da multidão de vidas que poderíamos viver e que, no entanto, não vivemos.
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