domingo, 2 de novembro de 2014

Desídia


Eu amante da desídia
Procuro novas colorações para o amanhecer
Pretendo tons cinzas-escuros
Em que se possa dormir mais.

Observo vestígios da noite incompleta
Em que o amor não chegou de todo
E o dia amanheceu com urgência
Trazendo estremecimentos de desejos não vividos
Como se o tempo renegasse seu prolongamento
E o amor carecesse de pressa.

A noite fluía como um rio caudaloso
Para a precipitação das manhãs efêmeras
Ocultas nos sombreamentos do dia
Que as horas desproporcionam.
Aceito o meio-dia como precocidade da noite
Com seu coloramento negro,
Sua propensão ao amor e ao esquecimento.
 
Enquanto isso, o distanciamento da lua
Prepara novos amanhecimentos.
 Adão Lima de Souza

Do Livro: A Vela na Demasia de Vento.

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